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Diário de Petrópolis (08/12/2023)

45 mil dívidas são renegociadas na cidade por meio do Desenrola Brasil

Petrópolis contava com 119 mil endividados até outubro deste ano

O Desenrola Brasil contabiliza 45.615 dívidas renegociadas em Petrópolis. Em operação desde julho, a iniciativa da União promoveu a oportunidade de renegociar dívidas que foram negativadas entre 2019 a 2022, cujo valor fosse inferior a R$ 20 mil. No caso dos petropolitanos, as tratativas puderam ser feitas com empresas como a Águas do Imperador, Enel Distribuição Rio e agências bancárias, como o Itaú, segundo dados que constam no portal do programa. E, até o dia 31 deste mês, a faixa 1, voltada para devedores com renda de até dois salários mínimos ou inscritos no Cadastro Único, ainda poderão renegociar as pendências com até 90% de desconto. No município, isso implica que ao menos 118.009 indivíduos, devidamente cadastrados para os programas sociais do governo, terão a chance de quitar os débitos ainda este ano.

Em um mesmo momento, dados da Serasa, referentes a outubro deste ano, apontam que ao menos 119.492 petropolitanos estavam inadimplentes. O número representa cerca de 43% da população local (o Censo 2022 do IBGE aponta para uma concentração de 278.881 habitantes). Apesar do índice ainda elevado, é possível notar uma redução na comparação com o levantamento feito pelo Diário em julho deste ano. À época, quando o Desenrola Brasil foi implantado de fato e passou a permitir as renegociações, eram 121 mil pessoas na Cidade Imperial que tinham débitos.

Segundo ainda a Serasa, são 377.438 dívidas ativas no município atualmente, que representam um débito de R$ 623 milhões. Enquanto que o ticket médio das dívidas é de R$ 1.659,93 no momento.


Inadimplência e geração de renda

Gilberto Braga, economista e professor renomado do IBMEC, destaca como principal força motriz para o crescimento do endividamento da população a alta na taxa Selic. "A disparada da inflação, desde o ano passado, levou a um aumento dos juros - que inibem o consumo. Sendo assim, para quem já está endividado, quitar a dívida quando os juros estão altos acaba sendo prejudicial", pondera.

Porém, ilustra que o fomento na geração de renda e criação de programas para quitação de dívidas - como o próprio Desenrola Brasil - atuaram na redução destes índices de inadimplência. "O que a gente pode dizer, de uma forma geral, é que o retorno de auxílios governamentais, sejam federais, estaduais ou municipais, colaboraram na maior proporção de recursos financeiros entre a população. Isso facilita que as pessoas se endividem menos, e mesmo, paguem dívidas antigas. Até porque, muitos desses débitos foram contraídos no período de pandemia", conta.

"Um segundo fator que pode ajudar a entender essa redução é a melhora no mercado de trabalho. A gente percebe que nos últimos meses, o cenário empregatício vem gerando oportunidades de uma maneira crescente e consistente. Unido ao planejamento para quitação de dívidas com desconto, promovidos pelo próprio Governo, proporcionaram uma oportunidade concreta de negociar estas pendências", conclui.


Potencial e mudanças no programa

O Ministério da Fazenda divulgou nessa quarta-feira (06/12), o "Censo Nacional do Programa Desenrola Brasil". Os dados mostram que o ticket médio da renegociação foi de R$ 248 nos pagamentos à vista, e de R$ 791 quando parcelado. A média dos descontos foi de 90% para as quitações à vista e de 85% para as parceladas. Os juros, no caso de parcelamento, foram de 1,8% mensal a média. O tempo de conclusão da renegociação é de cerca de 4 minutos e 8 segundos. Os números são referentes à segunda fase do programa.

Em um mesmo momento, o Governo Federal divulgou que pretende ampliar o prazo de vigência do programa em mais alguns meses, com o intuito ainda de facilitar o acesso à Plataforma de Renegociação do Desenrola Brasil.

"Nessa nova proposta, o governo quer estendê-lo até 31 de março, e facilitar o acesso das pessoas que não conseguiram acessar a plataforma e estão na posição de negociar suas dívidas. Isso porque, hoje, lembrando, você precisa ter uma conta no Gov.br que seja do nível ouro ou prata. Mas, essa é uma barreira, principalmente para as pessoas idosas, que dificulta a adesão. Agora, eles propõem e estudam a possibilidade de que a categoria bronze também possa ter acesso. No entanto, isso é algo que tem que passar antes por aprovação pelo Congresso", elucida o economista Gilberto Braga.